terça-feira, 20 de março de 2007
Eu me preocupo. Mais do que gostaria, mais do que deveria. Eu me preocupo com as bebedeiras da Britney Spears, mas mais ainda com aquelas duas pobres crianças que, na ausência da mãe louca (ou morta ou internada para desintoxicação, ou sem calcinha e bêbada em alguma limusine) terão como única saída ficar com o pai, que também é um loser. Eu me preocupo com meus quadris e me dói o coração a cada vez que eles se apertam em uma calça jeans. Eu me preocupo com a tireóide da Silvia, e com a minha um pouquinho. Me preocupo com os rumos que a minha carreira vem tomando, com o concurso daqui dois meses e com o sábado que será perdido na faxina. Me preocupo com o tempo que eu passo em frente à tv e ao computador, mas no fundo eu lamento não passar mais horas. Me preocupo com os barulhos do meu estomâgo, mesmo que me chamem de louca e paranóica. Com a fome na África, com o aquecimento global, com o calor infernal de São Paulo. Me preocupo com a minha bolsa nova que está ficando suja, com o meu vicio de fumar, com a minha irmã e sua barriga. Me preocupo com a minha mudez temporária, com a minha falta de assunto e com o meu pensar muito rápido .Preocupa o que os outros chamam de impulsividade, eu chamo de burrice. Me preocupo com o meu déficit de atenção, que me faz prestar atenção em milhares de coisas ao mesmo tempo. Que me faz entender piadas internas de pessoas que não são minhas amigas. Que me faz juntar peças de quebra-cabeças que eu não preciso montar e, pior, que eu não gosto de ver montados.

Eu me preocupo com a garota perdida em Londrina, por mais que ela saiba se virar bem. Me preocupo com a programação da tv a cabo, com os novos seriados que eu não vou ter como ver e com os antigos que eu já não consigo acompanhar. Me preocupo com a dor de cotovelo da Jennifer Aniston ao ver Brad e Angelina adotando e fazendo bebês, e posando em revistas com sua felicidade de plástico. Me preocupo que cada ator do elenco de Friends se estabeleça em outro seriado. Que os meus diretores queridos continuem fazendo bons filmes. Me preocupo com a revolução que a internet provoca na vida das pessoas, e com a minha parcela de responsabilidade pelo que eu coloco na rede, seja no trabalho ou em casa. Eu me preocupo com os milhares de corações que serão partidos sem que nada possa ser feito a respeito. Com aqueles que ainda acreditam. Com aqueles que são felizes, por desconhecerem a verdadeira tragédia que é estarmos todos perdidos, agora, nesse exato momento. Me preocupo com os que enxergam mais longe, que percebem mais que os outros, e que perdem as esperanças. A ignorância pode ser absolutamente libertadora.
Eu me preocupo com o lugar onde eu serei enterrada. Eu me preocupo se alguém da família de um amigo morreu e eu não sei. Me preocupo porque eu não estava lá com ele quando ele fechou os olhos e morreu. Eu me preocupo com todos aqueles que, em algum momento, fizeram parte da minha vida, e que hoje não fazem mais. Com todos os que me adoram e com todos os que me odeiam. Eu me preocupo com os absurdos que eu já disse. Eu me preocupo que eu me orgulhe de alguns absurdos que eu já disse para magoar pessoas. Com a minha capacidade de virar prós em contras e de atacar quando me sinto acuada. E de me vingar quando me sinto injustiçada.

Eu me preocupo com todos aqueles que apanham por causa de preconceito, com os rumos que algumas pessoas resolvem dar às suas vidas. Me preocupo com o preço daquele patê delicioso que descobri no supermercado e que amo desde então. Com meu vício em Coca-Cola e em coisas que entopem artérias. Com as formigas que invadiram meu apartamento, e que me vencem dia após dia. Com a mancha de oléo na minha blusa nova e com meu vestido preferido que abriu a costura, mas que eu tenho medo de costurar e estragar. Com a minha péssima atuação em fotos. É inacreditável como eu fico horrível em todas elas. Eu me preocupo com a minha péssima pronúncia em inglês e em desperdiçar momentos importantes por preguiça, comodismo e conformismo. Eu me preocupo com a Ana, com quem eu não falo há quase um ano. Com a nuvem de preocupação sobre a cabeça do Fabiño, e sobre a qual ele não quer falar, e que eu respeito. Com cada um dos meus amigos, com cada semana que eu não os vejo. Com o fato de na caixinha de Mentos existir um novo sabor, que eu odeio. Com o fato de terem parado de fabricar Trident sabor pêssego e maçã verde. Com a escassez de vendedores de balas Juquinha no meu mundo. Com os altos preços das lojas que eu gosto, com a ausência de roupas legais nos magazines. Com o meu vício em açúcar e cafeína. Com gente que não se posiciona, com o governo que me decepcionou, com toda a bagunça que se estabeleceu. Com a máquina mágica de doces do bloco 10, que de vez em quando surta, engole as moedas e não libera o pedido. Diz apenas have a nice day e não se fala mais nisso. Com todas as outras coisas que a gente investe e não tem retorno, e que, quando muito, recebe em troca apenas um have a nice day.

Eu me preocupo com a minha conta bancária e com todas as coisas que eu tenho e não preciso. Com todas as roupas que eu comprei pra usar e que não me servem mais. Como todas que eu tenho que comprar para poder vir trabalhar. Com o chuveiro pingando, com todas as músicas que eu não vou ouvir nunca e que eu adoraria, se ouvisse. Com o fato de que eu falo com a Sela cada vez menos. Com cada foto da época aurea do Barraco que eu não apareço, porque eu não estava lá. Porque eu reclamava da distância, do horário, do tempo. E esse tempo não tem volta, e eu não estou nas fotos. Eu me preocupo com o que já foi, com o que é e com o que ainda vai ser. Mais do que deveria, mais do que gostaria.

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posted by KK Camilla at 12:01 |


5 Comments:


At 20 de março de 2007 às 12:35, Anonymous Anônimo

Eu me preocupo por não estar ao seu lado.Por cada lágrimas que desce do seu rosto sem saber o motivo e o pq.
Eu me preocupo com o motivo do teu sorriso,sorrindo juntas sem entender lendo apenas palavras-sentimentos e que nos dizem tanto.
Eu me preocupo com o Theo, hj mesmo estava a pensar nisso...o que será que ele está fazendo agora na escolinha??lembrando do seu lindo inglês...haha
Eu me preocupo com essa sua mania de dizer que está fora de fórmula, que roupas não servem...danem-se as roupas.Usa as que servem e depois vamos a uma loga em liquidação e refazemos o guarda-roupas.Hahaha...as minhas estão caindo miga.Mas não te desejo essa dieta.
Me preocupa e me indigno com o fato de dizer que fica péssima nas fotos...sendo que vc fica realmente bem, linda.
me preocupo com a sua mudez, mas que qd escritas soam tão bem como esse belo texto.
Me preocupo tb com a nossa mania de querer fazer tudo de uma vez, olhar tudo de uma vez..fazer, pensar...falar.Acabaos sempre atropelando algo.
Me preocupo com quem eu magoei.Mas que amigas como vc e as que a gente tem em comum me faz tão bem, que esqueço dos problemas que me atingem.
Eu me preocupo com seu bem estar, com o bem estar do Theo...e agradeço tanto ao Edson por cada sorriso e palavras que te faz feliz.
Eu me preocupo com minhas lágrimas rotineiras, com meu desânimo,com a minha deprê e que cada dia sinto que se vai um pouco de mim.E não consigo controlar...
haha...não me preocupo com os artistas...pode acreditar, eles estão mto...mas mto melhor que a gente!
Eu nisso tudo amiga, em toda essa tempestade saiba sempre que tb sinto mto saudades sua..e que hj visitei esse blog umas 4 vezes.Preocupada com vc e saudade de ler algo escrito por ti.
Não faz 1 post só por dia não, pelo amor de Deus!!!risos
Te adoro...te amo ...amo sua família linda!E qualquer hr apareço por ai...
A D O R E I o texto!!!
Bjo bjo

 

At 20 de março de 2007 às 12:46, Anonymous Anônimo

Ser diferente?

Diferente não é quem pretenda ser. Esse é um imitador do que ainda não foi imitado, nunca um ser diferente.

Diferente é quem foi dotado de alguns mais e de alguns menos em hora, momento e lugar errados para os outros que riem de inveja de não serem assim.

O diferente nunca é um chato. Mas é sempre confundido por pessoas menos sensíveis e avisadas. Supondo encontrar um chato onde está um diferente, talentos são rechaçados; vitórias, adiadas..... Esperanças, mortas.

Um diferente medroso, este sim, acaba transformando-se num chato. Chato é um diferente que não vingou. Os diferentes muito inteligentes percebem porque os outros não os entendem.

Diferente que se preza entende o porquê de quem o agride.

O diferente paga sempre o preço de estar - mesmo sem querer - alterando algo, ameaçando rebanhos, carneiros e pastores. O diferente suporta e digere a ira do irremediavelmente igual, a inveja do comum, o ódio do mediano.

O verdadeiro diferente sabe que nunca tem razão, mas que está sempre certo.

O diferente começa a sofrer cedo, já no primário, onde os demais, de mãos dadas, e até mesmo alguns adultos, por omissão, se unem para transformar o que é potencial em caricatura. O que é percepção aguçada em: "puxa, fulano, COMO VOCÊ É COMPLICADO".

O que é o embrião de um estilo próprio em: "você não está vendo como todo mundo faz?"

O diferente carrega desde cedo apelidos que acaba incorporando. Só os diferentes mais fortes do que o mundo se transformaram nos seus grandes modificadores.

Diferente é o que vê mais longe do que o consenso. O que sente antes mesmo dos demais começarem a perceber.

Diferente é o que se emociona enquanto todos em torno, agridem e gargalham.

É o que engorda mais um pouco; chora onde outros xingam; estuda onde outros burram. Quer onde outros cansam. Espera de onde já não vem. Sonha entre realistas. Concretiza entre sonhadores. Fala de leite em reunião de bêbados. Cria onde o hábito rotiniza. Sofre onde os outros ganham.

Diferente é o que fica doendo onde a alegria impera. Fala de amor no meio da guerra. Deixa o adversário fazer o gol, porque gosta mais de jogar do que de ganhar.

Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, inteligentes em excesso, bons demais para aquele cargo, excepcionais, narigudos, barrigudos, joelhudos, de pé grande, de roupas erradas, cheios de espinhas, de mumunha ou de malícia .

Artur da Távola * Alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os pouco capazes de os sentir e entender. E....nessas moradas estão tesouros da ternura humana. De que só os diferentes são CAPAZES.

 

At 20 de março de 2007 às 13:27, Blogger KK Camilla

Ai amiga linda! estou tão tristinha hoje... precisando tanto de vc. obrigado por isso, me fez chorar. te amo muito. e não se preocupe, serei sempre sua amiga.
bjo bjo

 

At 20 de março de 2007 às 14:36, Anonymous Anônimo

Doughhhh velhooo!!Qual o motivo dessa tristezinha??Me diga...aproveito o embalo e BPF.
Me conta...faz um post ai mais ou menos que eu junto tico e teco e consigo entender!Ahh...hj eu to mais fortinha, posso te ajudar!Lets Go!!!Te amo muié...

 

At 20 de março de 2007 às 18:19, Anonymous Anônimo

Como eu sou mais simples...me preocupo com pouco!!!hehehe
Me preocupo com nós dois, com o Théo, com a KK e com o Jr e com a felicidade dos três.
Me preocupo com $, me preocupo com meus pais, com a minha avó e com a Tia Isa. Me preocupo com teus pais e com a tua irmã. Me preocupo com o meu trampo e com o seu...em um dia podermos fazer o que realmetne gostamos e nos dê prazer...etc etc
Sim eu me preocupo!! Mas o que me faz viver bem é saber que todo problema tem solução, então os que dependem de mim ou em parte das minhas ações eu faço, resolvo e pronto...o resto, deixo na pasta "não resolvidos...ainda".
Assim que tenho condições, reabro essa pasta e resolvo o que der...

Amo vc e suas preocupações!!!
amo muito mesmo e no que eu posso tento ajudar a resolver...ou pelo menos fazer vc se esquecer das preocupações.

amo muito!!!